terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Duendes...

- Quem pegou o chocolate que tava dentro da minha gaveta????
- Não fui eu!
- Nem eu!
- Você tava escondendo chocolate da gente, é?
- Não... Só tava guardando... pra quando desse vontade...
- Sei!
- Mas fala aí, foi você que pegou? Tinha só uma semana que eu coloquei ele lá!
- Claro que não. Se eu soubesse que tinha chocolate ali, ele não durava nem uma samana!rs

- Alguém viu o meu óculos? Tenho certeza que o deixei em cima da mesa do meu quarto!
- Tem certeza? Aposto que você não procurou direito!
- Claro que procurei.
- Quer apostar quanto que se eu procurar eu vou achar. Você nunca procura nada direito!
- Ah, cala a boca! Não enche, moleque!
- Mãe, você viu meus óculos escuros?
- Óculos? Nem sabia que você tinha óculos!
- Ai, meu Deus, eu mereço! E agora não dá mais tempo de procurar, já to atrasada! Tchau!

- Mãe, você viu minha lapiseira?
- Qual?
- Ai, mãe! Aquela 0.5... Azulzinha.
- Vi não, filha.
- Tenho certeza que deixei ela em cima da escrivaninha...

- Mas que saco! Tudo meu tá sumindo!
- Hehehe. Você, também... nem guarda suas coisas direito.
- Me deixa, vai! E sai daqui! Quem deixou você entrar no meu quarto?
- Ih, não precisa apelar! (...) Nem jogar sapato em mim! Se ele sumir, nem vem falar que a culpa é minha!
- Ô mãe...!
- Tá, já fui!

- Quê que você quer, Maria? Me zuar também, é?
- Não! Mas posso dar minha opinião?
- Anh... (Ai, lá vem...) Fala aí!
- Foram os duendes!
- O que???
- Os duendes! Ou gnomos, como preferir.
- ...
- Dizem que quando eles querem brincar com os seres humanos, eles pegam suas coisas, trocam de lugar... As vezes a pessoa só acha dias depois.
- Sei. Então quer dizer que você acha que tem duendes me rondando...?
- É bem provável!
- Isso significa que daqui há alguns dias eu devo encontrar minha lapiseira, meus óculos e meu chocolate...?
- É... Bem... Acho que sim... os óculos... a lapiseira... mas os chocolates, acho que você não devia se importar tanto com ele.
- Não? Porque?
- Ah, chocolate perde a validade, né?!
- Sei... Maria!

sábado, 8 de dezembro de 2007

Rastros

vestígios
ausencia de presenças
presença de corpo e carne
[hálma?]

e eu em carne viva
sangue e lágrimas
sorrisos e salivas
[dividida]

enganam-se mutuamente
entre amores e ódios
muros
[...]

lembranças exiladas com o vento
levadas...
trazidas...
[amadas]

alianças feitas
desfeitas
rompidas
[ainda usada]

restam ainda os rastros.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

The body says what words cannot


Se eu pudesse voltar atrás, dançaria muito mais!

"Meu corpo é o templo da minha arte. Eu exponho-o como altar para a adoração da beleza." [Isadora Duncan]

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Almoço

Estavam os quatro à mesa. Olhos baixos. Silêncio....

Ouvia-se apenas o tilintar dos talheres e as vozes misturadas de muitas pessoas que almoçavam completamente alheias àquela situação.

Ninguém ousava levantar os olhos, ao passo que no fundo, nenhum deles sabia realmente o que estava se passando.

Mesa para quatro. Dois e dois. Nenhuma palavra.

Aquele silêncio crescente tornou-se ainda mais incômodo, e no justo momento em que alguém tomou coragem para quebrá-lo, ouviu-se na mesa o som de um suspiro. Um suspiro dolorido e molhado por lágrimas.

Justamente ela. Ela que sempre fora a mais forte, dura, decidida, muitas vezes até radical...

Mas o que estava acontecendo? Qual era o motivo de toda aquela tristeza?

À menor menção de uma pergunta, ouviu-se com rispidez:

"Eu não quero falar sobre isso."

Novamente o silêncio.

Os outros três baixaram novamente os olhos para suas refeições. Estrogonfe, batatas, salada...
Nenhum deles tinha mais fome, mas enquanto comiam, ocupavam suas bocas sedentas por respostas.

Mastigavam e engoliam [empurravam] a comida, enquanto um turbilhão de idéias, imagens, certezas indiscretas e incertas passeavam em suas mentes .

Neste momento todos pensavam: "os amigos nessas horas não servem pra nada..."

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

ainda

meus olhos te seguem desapercebidos
quando não quero te ver
meu olhar, indiscreto repousa em você

radar do seu olhar fugidio
da sua alegria eufórica, triste, às vezes

desperta minha curiosidade
aguça minha vontade
distante... saudade

tento te ler sem te invadir
tento te ter, mas sem insistir

sentida, me recolho em minha covardia
aguardando então o momento
de te ver desarmado

calculando milimetricamente cada linha
cada palavra [uma arma]
cada sentimento

para te comer pelas beiradas
ou me fartar antes da hora
[já passada]
e desistir bulimicamente

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

poeminha angelical

discutindo sobre o sexo dos anjos
conclusão:
deve ser divino!

Depois do Jazz, o Rock e o Forró - Parte II

...

Diálogo de fim de noite:

- vamos pra outro lugar?
- anh?
- tomar a saideira.
- ah, onde?
- posto de gasolina.
- calma aí, né, galera?! a coisa tá assim?
- não, sô! na loja de conveniência.
- desce a saideira!
- duas!
- duas pra cada um.
- quatro!
- quatro saideiras?
- não quatro horas, socorro!
- porque? ta ruim aqui?
- não, mas levanto daqui duas horas!
- ah, então ainda tem tempo!
- socorro!
bibibibi!
bibibibi!
bibibibi!
- eu ainda quebro esse despertador!

Depois do Jazz, o Rock e o Forró - Parte I

Música alta e muita cerveja
encorajando o contato, a soltura, o enlace, o desembaraço
pés arrastando no soalho liso
cabelos voando, e a saia subindo a cada giro
a cada passo, um sorriso
muitos sorrisos e um par de olhos
aqueles olhos

Corpos dançando, rodando, quase voando

às vezes caindo
corpos abraçados, suados, embriagados, enamorados
entre nomes e apelidos,
Kiko, Catatau, Flô, Tchuca, Bombom, Vanessa da Mata
te descubro homônimo...

fim de noite, me despeço
você se vai, eu permaneço
...

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Testemunho

Ela estava seca. Seca naquele tempo infernal.
Seca. Seca sim! Sem vida...
A cada dia que se seguia eu a via empalidecer, murchar, morrer...

Entristeceu-me vê-la assim.
Parece que um pouco do colorido da minha vida se esvaiu junto com ela naqueles dias de calor intenso.
Fez-se sertão ante meus olhos.

Aquela que acolhia meu sono, minhas idéias e, às vezes, minha solidão agora espetava, arranhava...

Como faz diferença um dia de chuva!
Qual não foi minha surpresa, depois de vê-la praticamente morrer, ser testemunha de seu renascimento.
Acompanhar sua evolução dia após dia.

Fez-se vida novamente.
E meu lugar continua lá, ao pé da mesma árvore, onde me sento, leio, estudo e até durmo deitada naquela grama, há algumas semanas sem vida e hoje completamente verde, com cheirinho de terra molhada e com novos ramos surgindo a cada dia e a cada chuva.

Abençoada seja esta chuva!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Póstuma

Não sou uma pessoa aficcionada pela idéia da morte, nem uma romântica, no sentido literário da palavra, daqueles que morriam aos 23 anos com tuberculose e faziam Ode à Morte. Apenas estou impressionada.
Nunca tive muito contato com a morte durante minha vida. Sempre pude me poupar desses momentos, mas ultimamente ando refletindo muito sobre essa força que tem me cercado. Na minha opinião, a única força que consegue ser mais forte do que a própria vida.
Em 15 dias, aproximadamente, morreram 6 pessoas próximas a mim de alguma forma. Ainda assim consegui me manter à distância, pois essas mortes não me atingiram diretamente, mas sim a pessoas ligadas a mim. Com isso, pude observar de forma distanciada como esse evento atinge as pessoas, fere, abala suas estruturas, e, ao mesmo tempo, de forma até paradoxal, como o mundo em volta segue normalmente. Falo isso até por mim mesma.
Não tenho nenhuma conclusão, porque na verdade nem sei qual é o meu conflito, precisava apenas derramar algumas palavras para confortar o meu coração. Ou melhor, para aquietar a minha cabeça ainda muito infantil para esse assunto.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

in(f)X(t)erno

- não quero mais!
- será que posso?
- não querer?
- não, querer...
- anh?
- não é mais isso
- mas não deixa de ser também
- mas quero que seja outra coisa
- então fala
- não posso falar
- porque não?
- porque não posso chegar soltando assim!
- mas assim, vai parecer que é só isso
- mas não é
- se você não falar, o que vão pensar?
- não sei, mas não têm que pensar nada
- ah, não?
- bem, na verdade, têm sim.
- nossa, que difícil!
- é, eu sei. pra mim também é.
- ah, facilita as coisas, vai.
- como? se é tão difícil até pra mim.
- fala de uma vez que não é nada disso.
- será?
- é. vai.
- acho que não. mais fácil demonstrar, não?!
- se vc não falar, nunca vão saber!
- será?
- ai, vai começar de novo...
- vamos tomar uma cerveja?
- não muda de assunto.
- não to mudando!
- como, não tá? o que a cerveja tem haver com isso?
- é só isso! vamos tomar uma cerveja?
- você tá querendo acabar com o assunto.
- às vezes a gente tem que recusar à alguma coisa que quer pra se poupar.
- ah! agora eu que falo: Vamos tomar uma!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

REFLEXOS E REFLEXÕES

Diga aí­ amigo...
Como vai você?
Estou aqui contigo
Você também me vê

Às vêzes sou seu clone
E você é o meu
Não temos o mesmo nome
Mas nossa vida se perdeu

Em encontros e desencontros
Do mesmo sopro
Que atravessa eu e você
Se estou contigo
É porque estás comigo
E nós não podemos nos perder

(hoje deixei que o Moska falasse por mim...)

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Suas tão minhas...

Hoje, conheci alguém que já conhecia
alguém que convivia, mas que nunca me havia sido apresentado dessa forma
alguém que me tocou profundamente com suas palavras, sem ainda ter a idéia de que as li.

Mas de que valem as palavras, se não para tocar os outros? - muito mais até do que a quem as escreve, às vezes...
Se é para isso que elas servem, você fez valer as suas.

Hoje, conheci alguém que escreve como eu queria escrever
que fala de coisas que eu queria dizer
que fala de mim, sem ao menos saber.

Hoje, me deliciei em percorrer suas linhas, suas palavras, seus pensamentos, suas confidências, seus escritos, muitas vezes quase tão meus.

Muito prazer!

(escrito após ler clandestinamente os escritos de um colega...)

domingo, 14 de outubro de 2007

Auto-retrato falado (ou rimado... inventado...)

Eu, que sempre quis ser alguém
e gostava de inventar alguém pra ser
quero hoje apenas ser eu mesma
mesmo às vezes sendo um Eu
diferente de mim mesma
quero hoje apenas saber quem sou.

Sou um pouco de muitos EU´s
um eu que ri
um eu que chora
um eu que sonha
um eu que voa e que ás vezes cai e machuca.

Quero apenas amar os meus amores
(mesmo os inventados, os platônicos e os sonhados)
chorar as minhas dores, meus temores, meus horrores
encantar-me com as flores,
me alegrar com suas cores, me embalar com seus odores
superar os meus pudores.

Quero apenas dançar a minha dança
viver cada mudança
brincar como criança
soltar a minha transa
conhecer, um dia, a França
aprender em cada andança.

Quero hoje fugir das correntes do domínio
e voar nas asas do fascínio.

Abrir os olhos ao desconhecido
me envolver nas páginas de um livro lido
erguer um sonho que estiver caído
encontrar o EU que estiver perdido.

Quero andar de peito aberto ao mistério
levar a vida só um pouco a sério
na imaginação, construir um grande império
onde amar não tem critério.

Quero que o vento penteie o meu cabelo
quero derreter cada coração de gelo
quero ser alguém que não precise sempre sê-lo
quero um arrepio que me levante cada pêlo.

Quero hoje abrir a minha mente
olhar o mundo com uma lente
econhecer gente que sente
"contentar-me de contente"
entender o inconsciente
abolir da vida o pente (isso eu já consegui!).

Quero tocar tambor no cortejo
e pedir a bênção, aproveitando o ensejo
quero um dia roubar um beijo
sem malícia, só desejo.

Quero aprender com a experiência
encantar com a minha essência
quero crer, também, na ciência
e, pela arte, ser luminescência.

Quero brincar de ser feliz
quero pintar o meu nariz
quero escapar só por um triz
quero viver como aprendiz.

Acalanto

meu menino moleque
meu menino...
meu menino manhoso
meu menino...
me deixe te mimar
me deixe te dar meu colo
me deixe te consolar
ouça meu acalanto
tentativa de encanto
pra te enfeitiçar
ah,
meu menino moleque
meu menino...
me deixe molhar tua boca
com o calor dos meus lábios
me deixe te dar carinho
te acolher em meus braços
me deixe matar tua sede,
tua fome, teus anseios
me deixe velar teu sono
recostado em meus seios
meu menino
meu moleque
meu medo
meu mistério
me deixe desvendar-te
me deixe encontrar-te
me deixe tentar...

Vá com Deus

(uma homenagem à Júlia)

Impotência!
É o que se sente perante a morte.
Tanta vida em volta, e ela reina soberana, aí percebemos o quanto somos pequnininhos e o quanto somos frágeis...
O quanto nossa vida não passa de um simples sopro.
Nessas horas, a garganta dá um nó e nos fecham as idéias.
Apesar de que, qualquer palavra que saísse seria realmente dispensável.
Uma vida se foi, e quantas outras ficaram chorando aquele corpo vazio que não está mais... já foi!
Quanta dor!
E em volta, nada se move? Como pode?
As outras pessoas, frias e ignorantes de tudo o que acontece, continuam levando suas vidinhas sem pensar nela, que chega de repente acabando com a festa.
Fica a saudade, a tristeza, a lembrança...
E a sensação de uma grande impotência!
Que vá com Deus...

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Papo cabeça

- Alô?
- Alo!
- Oi.
- Oi!
- Ah, é você!
- Sou eu.
- E aí!?
- Beleza?
- Ah, tranquilo. E você, o que tá arrumando?
- Nada demais e você? Sumiu.
- Nada... Tô por aí mesmo.
- Ah, legal!
- Pois é.
- Ou, então fica assim.
- Beleza! Aparece!
- Pó dexá!
- Então, tchau procê.
- Falou, então.
- Então tá!
- Tchau!
- Tchau!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Em "banho-Marina"

água fria sobre o fogo que ainda não se apagou
teimoso, ele
cozinhando, cozinhando...
quando a chama está em suas últimas fagulhas
um grande fole a tenta ativar
e resiste ainda um tempo
teimosa, ela
cozinhando, cozinhando
e se permitindo cozinhar
cometera este delito
porém seu maior deleite
quando o tentava incendiar
cozinhando, cozinhando
a chama, agora, acesa
mais água fria
teimoso, ele
ainda insistia
cozinhando, cozinhando

o bocal ainda está quente
a água, evaporando
a chama porém, apagou-se.

sábado, 29 de setembro de 2007

Não vale a pena

Ficou dificil
Tudo aquilo,nada disso
Sobrou o meu velho vicio de sonhar
Pular de precipicio em precipicio, ossos do oficio
Pagar para ver o invisivel e depois enxergar

Que é uma pena, mas voce nao vale a pena
Nao vale uma fisgada dessa dor
Nao cabe como rima de um poema, de tao pequeno
Mas vai e vem e me envenena e me condena ao rancor
De repente cai o nivel e eu me sinto uma imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo como num disco riscado
O velho texto batido dos amantes mal amados
Dos amores mal vividos
E o terror de ser deixada

Vou tocando, relembrando, reabrindo a mesma velha ferida
E é para nao ter uma recaida que nao me deixo esquecer

Que é uma pena, mas voce nao vale a pena
Nao vale uma fisgada dessa dor
Nao cabe como rima de um poema de tao pequeno
Mas vai e vem e me envenena e me condena ao rancor
De repente cai o nivel e eu me sinto uma imbecil
Repetindo, repetindo repetindo como um disco riscado
O velho texto batido dos amantes mal amados
Dos amores mal vividos
E o terror de ser deixada

Vou tocando, relembrando, reabrindo a mesma velha ferida
E é para nao ter recaida que nao me deixo esquecer
Que é uma pena, mas voce nao vale a pena............

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Manhã

Imagem bucólica
à sombra de uma árvore, sentada na grama
um livro na mão
Raios de sol atravessam timidamente as folhas das árvores
alimento para sua alma
Apesar do sonido alto e irritante da selva de concreto ao longe
Lá se refugiava
Como uma fadinha em seu habitat
Na mente, idéias vagavam distantes
Algo um tanto pictórico
Sons de pássaros, folhas caindo e a brisa que soprva mansa
Nem mesmo as formigas, que insistiam em passear pelo seu corpo estragavam aquele momento
Só mesmo um vazio a incomodava
Uma falta que não podia controlar
Só mesmo isso para dar à sua expressão um ar menos doce, menos calmo e menos alegre do que pedia aquele momento quase lúdico...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

frio

meia noite e trinta e oito minutos.
uma pedra no meio do caminho...
um corredor.
elevador.
outro corredor.
oitavo andar, ala B, leito 22.
espera...
gemidos e sons de metal rangendo.
um canto, refúgio.
um adeus, até logo.
vento frio, paredes frias, cores frias.
sono lência...
acordo, agulha e fios.
uma dor simpática sobe pelas veias.
olhos fechados, nariz gelado.
cinco e vinte e dois.
estrondos, vozes, ainda frio.
mais gemidos dolorosos.
vazio... no estômago!
fome.
sete e trinta e cinco
café com leite e pão quase sem manteiga.
mais agulhas,
dessa vez, tres frascos de sangue.
exames.
sem novidades.
vai-se o dia inteiro.
à toa...
fim da tarde.
termo de responsabilidade.
auta.
carro.
colação de grau.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Antropofagia

Ando neste momento um tanto quanto antropofágica...
Um dos meus maiores divertimentos tem sido ler os outros
Devorar palavras, degustar olhares, decifrar pessoas.
Vejo e leio tantas coisas saborosas, que me abrem o apetite e me dão vontade e coragem para escrever.
Escrevo sobre coisas que que me engasgam, que me encantam, que não digerem ou que já estão mais que digeridas.
Muitas vezes o que escrevo são meus excrementos...
Degusto pessoas através de suas palavras.
Espero também ser digerida por alguém... por isso escrevo!

terça-feira, 28 de agosto de 2007

O arco-íris

-Mamãe, os arco-íris existem de verdade?
-Claro, meu bem... Por que a pergunta?
-É que eu achei que eles existiam só nos desenhos animados! Mas então, porque eu nunca vi um?
-Ora, meu bem, é que eles não aparecem sempre.
-Quando eles aparecem, mamãe?
-Ah, meu filho... Quando chove e faz sol ao mesmo tempo.
-Ah... Mas e os duendes?
-Que duendes, meu Deus?
-Os duendes que guardam o pote de ouro!
-Anh?
-É, mamãe! No final do arco-íris!
-Não, meu filho. Os duendes não existem.
-Como não, mamãe?! Você já foi no final do arco-íris pra saber?
-Não! Mas duendes não existem.
-Mas o arco-íris existe...
-Claro!
-Mas eu nunca vi...
-É que você nunca prestou atenção no céu na hora certa.
-Quer saber, mamãe?! Eu acho que a senhora está querendo me enganar!
-Enganar? Eu?
-É. E ficar com o ouro só pra senhora!
-Claro que não! Onde já se viu!?
-Mas se o arco-íris existe, e a senhora nunca foi lá, como a senhora pode dizer que os duendes e o ouro não exitem?!
-Se existissem, você acha que eu já não teria ido lá pegar um pouquinho do ouro?!
-Hehehe... A senhora é tão boba, mamãe!
-Sou é? E porque? Posso saber?
-Porque os duendes nunca teriam deixado você encontrar o ouro, né? Ah, vai ver que é por isso que a senhora não sabe onde fica.
-Ai ai ai...
-Não fica triste não mamãe. Quando eu descobrir eu conto pra senhora, viu?!

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Entre devaneios, um turbilhão de idéias se misturam com sentimentos, pensamentos, coisas não ditas...
Letras, frases e palavras giram na minha mente, vagando e confundindo aquilo que eu tinha por certo...
Não sei se é certo, se está aberto... Se é concreto ou abstração... ou ainda invenção...
Invento coisas que não sei se são reais ou apenas cenas com personagens reais e realidade fictícia.
Enfim, palavras que não dizem nada, onde me exponho e me escondo...

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Ser Atriz

É engraçado pensar... não sou atriz!
Quatro anos de faculdade, alguns sonhos e muita incerteza.
Não sei quanto a você, mas EU não sou atriz.
Às vezes eu até queria, mas não tenho essa vivacidade, essa força e essa beleza que toda atriz deve ter.
Não sou atriz.
Brinco de teatro, como a criança que brinca sem compromisso com sua boneca em seu quarto, despreocupada de que alguém a esteja olhando.
Não sou atriz.
Não tenho a técnica, a inteligência e o charme de uma atriz.
Posso saber o que fazer, mas não o faço como uma atriz.
Não sou atriz.
Mesmo sabendo que o que sempre quis foi ser atriz.
Não sou atriz.
Mas, se não sou atriz, o que sou?
Ou melhor... o que quero ser?
Não sei.
Só sei que não sou atriz...
acho que sou criança!

olhos

Da janela eu vejo as luzes que brilham, cada uma delas, sinal de alguém.
Da janela eu vejo os olhos marejados de saudade num reencontro.
Da janela eu vejo as estrelas que piscam, em busca de serem visitadas.
Da janela eu vejo as confidências trocadas com a lua.
Da janela eu vejo a vida que queria levar...
Poesia, música e sonho.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

de nada valem seus esforços, se eles não obtêm resultados,
são como perfumes sem cheiro, em belos frascos.
de nada valem seus esforços, se deles não surgem concretudes,
são como as construções, obras inacabadas.
sem um final, de nada vale o meio... o processo.
de nada valem meus esforços...

sem título

quem vê meu rosto, meu olhar, meu sorriso
não imagina cada um dos fantasmas que teimam em me assombrar...
quem vê meu jeito de "mulher desencanada"
não imagina a vontade que tenho de ganhar colo, carinho e cafuné...
quem vê minhas roupas
não imagina por quantas pessoas elas passaram até se tornarem minhas...
quem vê o meu trabalho
não imagina o medo que tenho de gente, da luz, da frente...
quem vê as decisões que eu tomo
não imagina a insegurança e a incerteza quem rondam sempre em minha mente...
quem vê minhas palavras
não imagina que por traz de cada uma delas existe um ser humano buscando construção.

sábado, 11 de agosto de 2007

e se foi...
por onde andas?
e se foi...
tinha coisas a resolver...
e se foi...
o retorno...
e se foi...

depois da partida, fica a ansiedade e a saudade, mas será que vale à pena?
depois da distância, o retorno é sempre um abismo.

se foi...

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

...

olho no olho através do espelho
diálogo mudo consigo mesmo
um piscar de olhos
universo infinito de idéias num instante
instante
inconstante
incessante
inquietante
lê o que escreve de si
e que guarda em algum lugar no outro
no peito, um vazio, um buraco
quando sozinho, sente falta de si mesmo
vaga a sua procura
no outro, sente-se inteiro
se acha e se perde
se completa e se esvazia

terça-feira, 7 de agosto de 2007

...

Caminho de areia,
pés descalços,
pegadas no chão.
Brisa batendo no rosto,
cabelos esvoaçando.
Pensamento longe,
emaranhado de idéias.
Olhar no horizonte.
Pára. Senta.
Fica olhando o sol se pôr.

Crescer... parte II

Parece que eu adivinhava o que estava para acontecer...
É... chegou de uma vez a hora de crescer!
Mas o que fazer? Pra onde ir?
Não sei.
Essa frase está acabando comigo.
O que eu quero?
Não sei.
O que eu faço?
Não sei.
Quem sou eu?
Não sei.
Por favor... alguém aí???
Alguém me escuta???
Alguém me ajuda???
Não.
Ninguém pode me ajudar enquanto eu não souber o que eu quero.
Socorro!!!
Queria poder abrir minha cabeça, tirar tudo lá de dentro, arquivar o que não preciso mais e organizar as novas coisas...
Entro agora num túnel... escuro...
Mas sei que a luz tá lá no final... em algum lugar adiante...
Vou seguindo...

domingo, 5 de agosto de 2007

Mudanças...

Passarinho voava sem rumo
e sem preocupação de ter para onde voar, pois sabia que tinha para onde voltar...
Certo dia, chegando ao ninho,
viu que teria que decidir para qual rumo seguir, pois seu porto seguro estava ameaçado.
A ameaça deixou o passarinho desnorteado, amedrontado, até acovardado.
Passarinho pensou em deixar tudo, esconder-se sobre as asas da mãe, mas ela também não tinha condições de protegê-lo, pois esta ameaça se dirigia também a ela.
Passarinho pensou em talvez deixar de voar...
Passar a caminhar... em terra firme...
Mas isso não afastaria a ameaça.
Passarinho, voe para onde quiser, mas saiba primeiro para onde você quer ir. Assim, seu vôo será mais certeiro e o risco será um pouco menor.
Perigos sempre existirão, mas "quando não se sabe para onde ir, qualquer lugar serve" e o risco é maior...
Passarinho, quando souber para onde ir, me conte...
Eu também procuro meu rumo neste momento...
Deixe-me voar com você!

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Plágio dedicado a alguém especial

Sempre tive medo...
principalmente, medo de me entregar...
de correr atrás do que quero de verdade.
Estou diferente...
"A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o desperdício está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca
e que esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional."
Estou tentando...
e aprendendo.
Pulei de olhos fechados, ainda estou planando...
mas não perdi o medo da queda.

(inserção do texto de
Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Crescer

É estranho pensar que está na hora de crescer...
Olhar pela janela e reparar o sol, reparar o céu, reparar a lua, e perceber que há muito nem mesmo os percebia...
Imaginar que amanha, aqueles que me apoiam, me sustentam, me erguem, me seguram, podem não estar mais aqui, e que eu terei de caminhar com minhas próprias pernas.
Mas, para onde seguir???
Não sei...
Queria tanto ter certeza de alguma coisa, um ponto para onde rumar...
Mas ao mesmo tempo, tenho tanto medo de tudo...
Medo de perceber que todos aqueles que me cercam e que aproveitaram suas criancices junto comigo, já andam como adultos, falam como adultos... e que a minha hora está chegando.
Quero me agarrar no meu ursinho de pelúcia e dormir com um pijama de flanela.
Quero fazer o que gosto, só por brincadeira, sem ter que vender isso a ninguém, sem ter que agradar a ninguém com isso.
Quero ser realmente boa em alguma coisa, sem perder o brilho no olho de fazer com prazer e paixão cada coisa, saboreando cada momento.
Não quero me enrijecer com o concreto das cidades, dos escritórios...
Quero ficar com os cabelos brancos, não por preocupação, mas por longos e saudosos anos bem vividos.
Quero acordar de manhã e sorrir para mim mesma; e conservar esse sorriso por todo o dia.
Quero viver sem medo de me arriscar e de errar, de me jogar, de amar e me declarar, de comer e engordar, enfim, sem medo da vida...
Queria não ter medo de crescer... e perder o que mais gosto em mim, minha meninice.

sábado, 21 de julho de 2007

Surtos de Inverno

Vagas idéias, ou idéias vagas, sobre esta última semana.
Festival de Inverno em Diamantina - 2007

Andar por ruas de pedras empoeiradas.
Subir morro... Força no centro. Perínio.
Quero dançar!
Dança...
Dança?
Dancei!
Quando achei que ia me acabar, me poupei...
Tenho medo de me acabar onde penso ser meu porto seguro...
Medos...
Dúvidas...
Trabalhar com ARTE é sempre uma coisa insegura.
Me segura!!!
Saudade!
Tocar o outro com todo o meu corpo é muito pouco!
Quero tocar e ser tocada com a alma.
Abraços...
Há braços ocupando meus espaços vazios...
Parede!
Ocupação!
Essa piração tá meio... vazia... assim...
Ousar!
O que soma não tem fim, não tem começo...
É tudo um grande meio mesmo...

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Flash

"Alguém foi fotografado." - disse séria dentro do carro, com a voz seca e o olhar fixo.
Parecia cena de algum filme: sozinhas no escuro de um automóvel que circula noite a dentro e, repentinamente, um flash.
Não sabiam ao certo a quem ou a que se dirigia aquela luz, e a tensão tomou conta do momento.
Um clima estranho se formou, e ninguém falou mais nada até chegarem em casa.
Algum tempo depois a confimação: multa por excesso de velocidade!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

A última noite

Ela o fita profundamente
Ele deitado. Testa franzida. Gota de suor escorre pela face.
Cada som, um arrepio a eriçar cada poro do seu corpo.
Sensações se misturam: medo, pudor, prazer e gozo.
Boca seca. Silêncio. Suspiro.
É o fim.
Ela continua a olhá-lo. Um sorriso suspeito rasga-lhe a face.
Resta ainda a pulsação.
Distância.
Resta apenas a pulsação.

E tudo mudou...

(para quem tiver paciência de ler,
no meio dessa correria, vale muito a pena!!!
Só não concordo que "do 'não' não se tem medo".
Eu ainda tenho...rs)

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confeti virou MM
A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...
Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bike
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz.......
De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças.

Luiz Fernando Verísimo

Noite

Sentados no alto
fitavam...
A linha do horizonte a frente
quase invisível
escuro...
Cintilam luzes
ao longe
oscilam...
Atrás, uma montanha
grande
imperceptível...
O vento rondava
uivando
frio...
Ao lado, companhia
aquecida
vinho...
Enfim...
Bela noite...
Nada falta...
a lua...
ah! Lua!

terça-feira, 10 de julho de 2007

Procuro

Procuro em teu olhos
um brilho
Em tua boca
o desejo da minha
Em teu braços
a vontade de ter-me
Em teu coração
um lugar somente meu
Em teu caminho
minha companhia
Em tuas palavras
"eu te amo"
Em tua mente
minha imagem
Em tuas mãos
minhas mãos
Em tuas pegadas
minha trilha
Em teu destino
minha sina
Em tua ausência
minha saudade
Em teu sorriso
minha felicidade
Em teu corpo
meu ser
Em tua vida
minha vida
Em tua alma
minha alma
Em tua paixão
todo meu amor.

(viajem em uma aula chata em 2000)

domingo, 8 de julho de 2007

Aos Meus Heróis
(Juninho Marassi e Gutemberg)

Esta é uma música que quando ouvi, tive que babar ovo...
A letra é muito boa e fala dos também MEUS heróis...

Faz muito tempo que eu não escrevo nada,
Acho que foi porque a TV ficou ligada
Me esqueci que devo achar uma saída
E usar palavras pra mudar a sua vida.

Quero fazer uma canção mais delicada,
Sem criticar, sem agredir, sem dar pancada
,Mas não consigo concordar com esse sistema
E quero abrir sua cabeça pro meu tema

Que fique claro, a juventude não tem culpa.
É o eletronic fundindo a sua cuca.
Eu também gosto de dançar o pancadão,
Mas é saudável te dar outra opção.

Os meus heróis estão calados nessa hora,
Pois já fizeram e escreveram a sua história.
Devagarinho vou achando meu espaço
E não me esqueço das riquezas do passado.

Eu quero “a benção” de Vinícius de Morais,
O Belchior cantando “como nossos pais”,
E “se eu quiser falar com...” Gil sobre o Flamengo,
“O que será” que o nosso Chico tá escrevendo.

Aquelas “rosas” já “não falam” de Cartola
E do Cazuza “te pegando na escola”.
To com saudades de Jobim com seu piano,
Do Fábio Jr. Com seus “20 e poucos anos”.

Se o Renato teve seu “tempo perdido”,
O Rei Roberto “outra vez” o mais querido.
A “agonia” do Oswaldo Montenegro
Ao ver que a porta já não tem mais nem segredos

.Ter tido a “sorte” de escutar o Taiguara
E “Madalena” de Ivan Lins, beleza rara.
Ver a “morena tropicana” do Alceu,
Marisa Monte me dizendo ”beija eu”Beija eu,
Beija eu Deixa que eu seja eu

O Zé Rodrix em sua “casa no campo”
Levou Geraldo pra cantar no “dia branco”.
No “chão de giz” do Zé Ramalho eu escrevi
Eu vi Lulu, Benjor, Tim Maia e Rita Lee.

Pedir ao Beto um novo “sol de primavera”,
Ver o Toquinho retocando a “aquarela”,
Ouvir o Milton “lá no clube da esquina”
Cantando ao lado da rainha Elis Regina.

Quero “sem lenço e documento” o Caetano
O Djavan mostrando a cor do “oceano”.
Vou “caminhando e cantando” com o Vandré
E a outra vida, Gonzaguinha, “o que é?”

Atenção DJ faça a sua parte,
Não copie os outros, seja mais “smart”.
Na rádio ou na pista mude a seqüência,
Mexa com as pessoas e com a consciência.

Se você não toca letra inteligente
Fica dominada, limitada a mente.
Faça refletir DJ, não se esqueça,
Mexa o popozão, mas também a cabeça.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Dramaticamente solteira

(letra da música que um amigo fez e eu tenho certeza, mesmo sem nem perguntar para ele, que foi inspirada em mim. Modéstia...)

Não caia na tolice de tentar desvendar os meus segredos
são mais loucos que os seus
Aérea, sem rumo pra que lugar, perdida luar
sou boa, sou pétala-carinhos
ou má, sou toda espinho
depende do ar

Meu coração de fogo sensual
Meu coração de ouro tropical

Lual ao fim de noite
nua ao amanhecer
soltei dramaticamente um você
A gente tá longe, muito longe de acontecer
desculpe só divertir-me com você

Lucas Cantor

quinta-feira, 5 de julho de 2007

espelho

nunca gostei muito de me olhar no espelho...
ao olhar meus olhos queriam fugir do que viam
a sensação que vinha era a de ser
como a feia na janela
"achando que a banda tocava pra ela"...
ou como a bailarina gorda
"Como toda bailarina ela sonhava com mil saltos mortais
Os dedos do destino a desenharam gorda demais
Cada volta ou pirueta era um desastre, eram risadas gerais
E os olhos do menino que ela amava a amavam magra de mais
Cada bola de sorvete é tanta culpa, era remorso demais
E o mais lindo vestido tá guardado: gorda demais
Cada abraço, um arrepio, ai, por um fio ele me apalpa por trás
E sente a carne mole, frouxa, coxa, gorda demais
Como toda bailarina ela sonhava com mil saltos mortais "
sempre me identifiquei com essas personagens de músicas
hoje, me olho tranquilamente
não mudei muito por fora
nem deixei de me sentir a bailarina gorda
apenas vi que a bailarina gorda
pode ser linda...
mesmo gorda!
e pode continuar sonhando com mil saltos mortais...

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Todo Amor Que Houver Nessa Vida

Barão Vermelho
Composição: Cazuza / Frejat


Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós, na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia...

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum venenoanti-monotonia...

E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio
O mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente, não

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria...

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E algum veneno anti-monotonia...
quero te incluir em meus planos, em meus programas
quero te levar comigo a qualquer lugar
quero me divertir ao seu lado e te fazer sorrir ao meu
quero aproveitar você
quero querer você HOJE!
amanha...? não sei.
lendo me pergunto "porque se escreve?"
vi coisas escritas, com destino certo
mas que nunca chegaram ao seu destinatário...
porque então se escreve?
vi frases que gostaria de ter escutado
mas que não eram para mim
escrevi coisas que deveria ter falado
mas sempre me faltou coragem
por isso escrevi

as palavras passam rapidamente pela minha mente
eu tento agarrá-las
mas são mais rápidas do que eu
as que ficam, coloco no papel,
para que não me fujam também
me deixando só o vazio...
o papel...
branco...

segunda-feira, 2 de julho de 2007

dolly de luxe

menina mah
menina maluca
menina moleca
as vezes sinto que queria ser uma boneca...
daquelas que você tem para a vida toda,
dá carinho e cuida para que nenhum mal aconteça...
daquelas que toda vez que você pega,
tem a senação de voltar a ser criança...

Dadivosa

Que bom se eu fosse uma diva
Daquelas bem dadivosas
Que sai vida entra vida
Ficasse ali verso e prosa

Meu olhar beirando estrelas
A provocar sinfonias
Por todas as galerias
Imagens da minha história

"Me atirava do alto na certeza de que alguém segurava minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo quase:Cinema, Parque de Diversão, de Circo, Ciganos.."

E no instante preciso
Entre o mito e o míssil
Um rito um início
De passagem pro infinito

"Aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo. Do que não ficava pra sempre."


Ana Carolina, Adriana Calcanhoto e Neusa Pinheio

domingo, 1 de julho de 2007

carinhos, beijos, corpo, mente e sentimento...

tenho escrito coisas para ver se consigo expressar isso que esta intalado aqui dentro, dificultando meu pensar, meu respirar, contolando meu agir e sufocando e confundindo o meu sentir.
gosto do que você faz, e como faz
gosto do que escreve, e até tentei escrever também, por sua causa
mas percebi que o que eu queria mesmo era que você lesse o que eu escrevi pra você, e ser a musa daquilo que você escreve pra ela, mesmo não nomeando-a...
queria penetrar nessa sua carapaça, ultrapassar a barreira da imagem... dos beijos... do corpo...
queria que seus carinhos fossem só meus, fossem de verdade, com tudo que você tem a me oferecer...
tudo o que tenho a te oferecer, já ofereci...
mas estou esperando para ver se você vai aceitar...
inteira o parcialmente...???
ah, na verdade, nem sei mais...
vou tentar dormir...
e ver se, pelo menos nos meus sonhos eu te tenho por completo
carinhos, beijos, corpo, mente e sentimento...

sábado, 30 de junho de 2007

Anjo

Acredita em anjo
Pois eu lá sou o seu
Soube que anda triste
Que sente falta de alguém
Que não quer amar ninguém
Por isso estou aqui
Vim cuidar de você
Te proteger, te fazer sorrir
Te entender, te ouvir
E quando tiver cansado
Cantar pra você dormir
Te colocar sobre as minhas asas
Te apresentar as estrelas do meu céu
Passar em saturno e roubar o seu mais lindo anel
Vou secar qualquer lágrima
Que ousar cair
Vou desviar todo mal do seu pensamento
Vou estar contigo a todo momento
Sem que você me veja
Vou fazer tudo que você deseja
Mas, de repente você me beija
O coração dispara
E a consciência sente dor
E eu descubro que além de anjo
Eu posso ser seu amor.
Sabe, o que eu queria mesmo
era não esperar nenhuma ligação
nenhum chamado
O que eu queria mesmo era
depender de mim mesmo
Na correria de todo mundo
sobra muito pouco tempo pra mim
E eu perco muito tempo
esperando a sobra de tempo dos outros,
do carinho dos outros
Eu queria fazer qualquer coisa
a qualquer hora
Sem esperar o "tem que ver" de alguém
E não é sempre assim? " Tem que ver"
Por que a gente não precisa ser chamado,
a gente acorda se o telefone não tocar
O que eu invejo é a segurança solitária da coruja:
que observa, observa.
"Bom dia Suindara, linda cor"

Sérgio Nicário

assinatura

tem coisas que eu queria ter escrito...
mas não escrevi
ficou guardado
mas parece que alguém entrou na minha cabeça,
mexeu nos meus bagulhos,
nos meus entulhos...
vasculhou meus sonhos,
desejos e medos
pôs no papel
e assinou...

Amor Imperfeito

Não te quero pela metade,
Quero-te por inteiro
Para juntar meus fragmentos,
Colar o que foi despedaçado.

Não busco o amor perfeito,
Agreguemos nossas imperfeições,
Façamos delas um espelho,
Que nos reflita e nos faça refletir.

Nos meus sonhos pinto-te como realmente és,
Às vezes Beleza, outras vezes Dor,
Ora te entregas, ora foges de mim,
Construindo e reconstruindo nosso amor imperfeito.

Laura Guerra

querer

queria que me quisesse como eu te quero
é um querer tão forte, tão quente
um querer carente, até contente...
acontento
contentamento
queria não querer
um não querer mais que bem querer
não querer assim...
quero com carência
querência
quero querer-te ainda mais a cada momento
quero que queiras quem quiseres
mas que queiras só a mim
quero ver-te livre
aprisionado nos lábios meus
quero ser querida
acarinhada
quero colo
quero-te inteiro
apenas quero-te
quero!!!
quer???
que...
quero não mais falar

quinta-feira, 28 de junho de 2007

embriaguez

senação gostosa de tirar os pés do chão e a cabeça das nuvens
de fingir que não penso em coisas que quero e não entendo
quando surgem papos que até mesmo me envergonho...
pessoas surgem em nossa frente
não quem eu queria estar
mas fazem passar o tempo
de forma que não compreendo
e não mais deveria buscar
aceito então a tonteira
a lombeira
a asneira
escuto então a cantada
a flertada
mas sempre finjo que não entendo nada
cochilo em frente ao teclado
e chego a conclusão de que é hora de me deitar
mesmo vendo o mundo rodar
aproveitando sempre da sensação de estar
embriagada

sem ponto mas reticências

queria ter o dom de escrever
brincar com as palavras
manipulá-las para que elas soassem
doces como chocolate que se come escondido
quando se acha gorda
macias como nuvens de algodão
ou para que espetassem
não como farpas
mas como os espinhos das rosas
queria ter o dom de escrever
para falar de amor
colocando as palavras
como num jardim cheio de Florbela
ou para falar da vida
como uma saara de páginas para Leminski
queria ter o dom de escrever
para cantar das mulheres (e também dos homens)
como faz um tal de Chico
para trazer na asa um sonho
e viver na Aldeia dos ventos
com Montenegro
ou simplesmente para tomar um copo de uísque
com um cubismo de gelo
como um certo amigo louco
queria ter o dom de escrever
para figurar e ao mesmo tempo disfarçar
tudo o que sinto
para não ser direta sem fazer rodeios
e para que se apaixonasse
pelo menos
pelo que eu tenho a dizer
...

Acordei bemol

Acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido

Leminski

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Cariño Malo - trechos...

“Ele dorme em seguida, o corpo abandonado, sua respiração profunda, satisfeito.
É o momento da vergonha. Você tem tempo de pensar... E começa a dor.
Talvez não me produza o suficiente. Deixei de parecer-lhe atraente...
(...)
Eu gostava das roupas, mas as que eram como aquelas do cinema: às vezes vestia-me de sexy, outras de intelectual; às vezes de hippie. Tinha imaginação...
(...)
Fui vencida pelo medo e o abandonei, o deixei só na triste aventura da vida. É mais fácil fingir que não se entende.
(...)
Vejo você e já não te vejo... olho para trás onde te abandonei e desço as escadas como uma Cinderela... Corro para minha casa antes da meia noite. Tiro minhas botas de falsa combatente, tiro meus óculos de falsa intelectual, me desfaço dos livros de meu falso interesse e deito em minha cama de lençóis celestes e encho meu quarto de rosas e de perfumes. Tiro o meu baby doll vermelho, tiro meus biquínis vermelho e lilás.
Tiro minhas ligas, tiro minhas anáguas sedutoras. Tiro e rasgo minhas meias de seda e enrolo-me com minha camisola de flanela.
Subo, corro ao sótão e reencontro minha boneca de trapo.Peço a minha mãe: “traga-me uma bolsa de água quente... Apague a luz, por favor.” (...) “Não, não, está tudo bem. É só que custa tanto recuperar a virgindade... custa tanto quanto perde-la.” ”
Inês Margarita Stranger

Day After

sonhei com a noite em que as horas não passavam
o que sentia era tão intenso
que parecia estar entre o precipício e o infinito
separado por um linha tênue
me pendurei nessa linha
andei na corda bamba com o guarda-chuva aberto
procurei me equilibrar
caí
acordei sem saber se meu tombo havia sido
rumo ao infinito ou ao precipício...