segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Enquanto tiver cavalo...

Eu queria não nascer
Não parir esta personalidade
Não ter que ser eu ou não ter um eu para ter que ser

Queria morrer só um pouquinho
Porque dormir já não descansa

Queria aceitar as coisas e as pessoas como elas são
E assim seguir remando a favor da maré
[Tão mais fácil...]

De que me serve toda esta inquietude?
Toda esta vontade?

Personalidade... Consciência... Opinião...
Virtudes descartáveis para uma vida saudável nas atuais circunstâncias.

Todos os meus heróis já quebraram...
Talvez fossem de barro, como santos de altar...
[Frágeis...]

A utilidade das pessoas se mede mesmo, não pelos heróis que porventuram possam se tornar, mas pela quantidade de "São Jorge" que elas conseguem carregar no lombo.
[E, modéstia a parte, já estou tão craque nisso que já faço até malabares com os santinhos!]

E viva a humanidade cada dia mais eqüínea!
Um viva a todas nós!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Tês

O tilintar da taça. Lá dentro, um timbre tenor que transitava entre tenso e tenaz. Distante. Aos poucos sua tez, de contornos tristes, empalideceu. Tornou-se tétrica. Destacou-se entre os tetos tersos. Ao vê-lo entrar, tacou-lhe um beijo tépido. Tímido na tentativa de tornar tenro aquele afago temporão, beijou-a como um tolo. Ainda por muito tempo. Tirou o terno, tacando-o na estante de madeira tosca e tocou sua tez, agora de um tom tão rubro quanto tomate. Arredia e custosa, tolheu o seu toque, tentando conter a tontura e a temperatura de seu corpo que agora transformara-se numa tocha acesa. Tanto tormento não iria terminar? E se talvez... Era uma tolice. Uma grande tolice! Tentou conter-se, manter toda a compostura. Mas aquele toque... Aquele toque tranformou todo seu tino num turbilhão a atropelar-lhe o juízo. Era tarde. Entregou-se a ele como um títere. E ele a tomou como a um topázio. Ela deixou-se recostar em seu tórax destacando, entre seu porte de touro, seus contornos torneados. Estava entregue. Enredada como numa teia a qual não tentava mais transpôr. E todo aquele temor de sentir-se torpe, tornou-se neste momento um único torpor. Nada mais a lhe torturar. Nenhuma palavra para traduzir tudo o que transcorrera até aquele momento. O tempo não mais existia.