sábado, 30 de junho de 2007

Anjo

Acredita em anjo
Pois eu lá sou o seu
Soube que anda triste
Que sente falta de alguém
Que não quer amar ninguém
Por isso estou aqui
Vim cuidar de você
Te proteger, te fazer sorrir
Te entender, te ouvir
E quando tiver cansado
Cantar pra você dormir
Te colocar sobre as minhas asas
Te apresentar as estrelas do meu céu
Passar em saturno e roubar o seu mais lindo anel
Vou secar qualquer lágrima
Que ousar cair
Vou desviar todo mal do seu pensamento
Vou estar contigo a todo momento
Sem que você me veja
Vou fazer tudo que você deseja
Mas, de repente você me beija
O coração dispara
E a consciência sente dor
E eu descubro que além de anjo
Eu posso ser seu amor.
Sabe, o que eu queria mesmo
era não esperar nenhuma ligação
nenhum chamado
O que eu queria mesmo era
depender de mim mesmo
Na correria de todo mundo
sobra muito pouco tempo pra mim
E eu perco muito tempo
esperando a sobra de tempo dos outros,
do carinho dos outros
Eu queria fazer qualquer coisa
a qualquer hora
Sem esperar o "tem que ver" de alguém
E não é sempre assim? " Tem que ver"
Por que a gente não precisa ser chamado,
a gente acorda se o telefone não tocar
O que eu invejo é a segurança solitária da coruja:
que observa, observa.
"Bom dia Suindara, linda cor"

Sérgio Nicário

assinatura

tem coisas que eu queria ter escrito...
mas não escrevi
ficou guardado
mas parece que alguém entrou na minha cabeça,
mexeu nos meus bagulhos,
nos meus entulhos...
vasculhou meus sonhos,
desejos e medos
pôs no papel
e assinou...

Amor Imperfeito

Não te quero pela metade,
Quero-te por inteiro
Para juntar meus fragmentos,
Colar o que foi despedaçado.

Não busco o amor perfeito,
Agreguemos nossas imperfeições,
Façamos delas um espelho,
Que nos reflita e nos faça refletir.

Nos meus sonhos pinto-te como realmente és,
Às vezes Beleza, outras vezes Dor,
Ora te entregas, ora foges de mim,
Construindo e reconstruindo nosso amor imperfeito.

Laura Guerra

querer

queria que me quisesse como eu te quero
é um querer tão forte, tão quente
um querer carente, até contente...
acontento
contentamento
queria não querer
um não querer mais que bem querer
não querer assim...
quero com carência
querência
quero querer-te ainda mais a cada momento
quero que queiras quem quiseres
mas que queiras só a mim
quero ver-te livre
aprisionado nos lábios meus
quero ser querida
acarinhada
quero colo
quero-te inteiro
apenas quero-te
quero!!!
quer???
que...
quero não mais falar

quinta-feira, 28 de junho de 2007

embriaguez

senação gostosa de tirar os pés do chão e a cabeça das nuvens
de fingir que não penso em coisas que quero e não entendo
quando surgem papos que até mesmo me envergonho...
pessoas surgem em nossa frente
não quem eu queria estar
mas fazem passar o tempo
de forma que não compreendo
e não mais deveria buscar
aceito então a tonteira
a lombeira
a asneira
escuto então a cantada
a flertada
mas sempre finjo que não entendo nada
cochilo em frente ao teclado
e chego a conclusão de que é hora de me deitar
mesmo vendo o mundo rodar
aproveitando sempre da sensação de estar
embriagada

sem ponto mas reticências

queria ter o dom de escrever
brincar com as palavras
manipulá-las para que elas soassem
doces como chocolate que se come escondido
quando se acha gorda
macias como nuvens de algodão
ou para que espetassem
não como farpas
mas como os espinhos das rosas
queria ter o dom de escrever
para falar de amor
colocando as palavras
como num jardim cheio de Florbela
ou para falar da vida
como uma saara de páginas para Leminski
queria ter o dom de escrever
para cantar das mulheres (e também dos homens)
como faz um tal de Chico
para trazer na asa um sonho
e viver na Aldeia dos ventos
com Montenegro
ou simplesmente para tomar um copo de uísque
com um cubismo de gelo
como um certo amigo louco
queria ter o dom de escrever
para figurar e ao mesmo tempo disfarçar
tudo o que sinto
para não ser direta sem fazer rodeios
e para que se apaixonasse
pelo menos
pelo que eu tenho a dizer
...

Acordei bemol

Acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido

Leminski

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Cariño Malo - trechos...

“Ele dorme em seguida, o corpo abandonado, sua respiração profunda, satisfeito.
É o momento da vergonha. Você tem tempo de pensar... E começa a dor.
Talvez não me produza o suficiente. Deixei de parecer-lhe atraente...
(...)
Eu gostava das roupas, mas as que eram como aquelas do cinema: às vezes vestia-me de sexy, outras de intelectual; às vezes de hippie. Tinha imaginação...
(...)
Fui vencida pelo medo e o abandonei, o deixei só na triste aventura da vida. É mais fácil fingir que não se entende.
(...)
Vejo você e já não te vejo... olho para trás onde te abandonei e desço as escadas como uma Cinderela... Corro para minha casa antes da meia noite. Tiro minhas botas de falsa combatente, tiro meus óculos de falsa intelectual, me desfaço dos livros de meu falso interesse e deito em minha cama de lençóis celestes e encho meu quarto de rosas e de perfumes. Tiro o meu baby doll vermelho, tiro meus biquínis vermelho e lilás.
Tiro minhas ligas, tiro minhas anáguas sedutoras. Tiro e rasgo minhas meias de seda e enrolo-me com minha camisola de flanela.
Subo, corro ao sótão e reencontro minha boneca de trapo.Peço a minha mãe: “traga-me uma bolsa de água quente... Apague a luz, por favor.” (...) “Não, não, está tudo bem. É só que custa tanto recuperar a virgindade... custa tanto quanto perde-la.” ”
Inês Margarita Stranger

Day After

sonhei com a noite em que as horas não passavam
o que sentia era tão intenso
que parecia estar entre o precipício e o infinito
separado por um linha tênue
me pendurei nessa linha
andei na corda bamba com o guarda-chuva aberto
procurei me equilibrar
caí
acordei sem saber se meu tombo havia sido
rumo ao infinito ou ao precipício...