segunda-feira, 21 de abril de 2008

Sancho Pansa para Quixote...

Escrevo ao meu fiel companheiro,
meu Quixote predileto,
aquele que enfrenta os moinhos de vento ao meu lado, me ajudando e me defendendo dos leões, geralmente criados pela minha imaginação pulsante e voadora, com seu realismo seco e as vezes sádico.
Não, não sou o Quixote, sou o Sancho mesmo...
Acho que combino mais com o "Pança"...
Loucos, somos os dois!
Então não importa quem é quem, nessa metáfora cervantesca.
Nossa loucura vai além de deitarmos num gramado e devaneamos nossas inquietudes pululantes sobre a noite, o céu, a lua e a sua áurea, com uma festa de psicodelia acontecendo simulatanemente a menos de dez metros de nós.
Aí tive ainda mais certeza dos elos que nos unem.
Você, um fiel escudeiro a quem faço questão de carregar a tiracolo, me prova a cada dia seu valor na minha jornada.
Uma enciclopédia humana, que dispensa os rodeios e redundâncias chatas e costumeiras das enciclopédias comuns.
Um divã, onde não me deito, mas confesso meus temores, meus sonhos, minhas ânsias e angústias...
Um anjo, sem cachinhos (e quase sem cabelo), que vela meu sono, esperando-me recuperar a condição de dirigir.
Um artista, com quem gosto de trocar e adquirir novas experiências.
Um beberrão, companheiro de todos os copos, latas, taças, tulipas, cuias, cabaças...
Um músico, literato, filósofo, psicólogo, louco e lúcido.
Antagônico, paradoxal, mas nunca contradicente.
Um amigo, daqueles que a gente confia tanto que acaba esquecendo que ele é homem (e que por sinal, ficou muito bravo quando o contei que quase o considerava assexuado)...
Quixote querido, quero continuar sempre como seu Sancho Pança, parceiro e partner, enfrentando quantos gigantes, dragões e moinhos aparecerem.
Obrigada!

Do Sancho Pança, amigo fiel e relapso.

Homenagem a um grande amigo, que apesar do nome vindo diretamente dos filems de terror, será sempre muito mais poético no meu bem querer.

nas planícies do planalto

Queria ter o dom de escrever
Se o tivesse, escreveria sobre coisas bonitas
Como um gramado coberto de paina e orvalho
Numa madrugada bonita em Brasília
Lembrando neve em pleno planalto, num clima tropical.

Queria ter o dom de escrever
Para poder registrar no papel
Esse aperto com que sinto no peito, com a mesma intensidade que o sinto
Para poder falar da beleza de cada olhar
E o brilho de cada sorriso.

Ah, como eu queria ter o dom de escrever
Para poder falar de carinho
Para poder falar de admiração
Para poder falar da ARTE
Para poder falar de festa
Para poder falar de pessoas
Para poder falar de tristezas e algrias.

Ah, como eu queria ter o dom de escrever...
Ah, como eu queria ter o dom de...
Ah, como eu queria ter o dom...
Ah, como eu queria ter...
Ah, como eu queria...
Ah, como eu...
Ah, como...
Ah...

Homenagem aos meus antigos e novos amigos da capital federal, no dia do aniversário de Bresília.
(Escrito no aeroporto de Brasília em 31/08/2005,
na volta pra casa da III Edição do Festival de Teatro Brasileiro/Cena Mineira.)
Quanta saudade...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

M ... a esperar ... M

Eu a vi.
Ela estava lá. Sentada. Sozinha.
A esperar...
Como é bonita!
Roupa de listras e maquiagem bem feita.
Tem estilo, a garota.
Os cabelos longos e escorridos emolduravam-lhe a face e os ombros.
Como doeu-me vê-la ali
A esperar...
Naquela tarde ensolarada
Bem no meio da semana:
Quarta-feira
Dia que outrora fora meu...

Fui embora antes de ver sua espera ser saciada por aquele a quem EU tanto esperei.
Sem saciar-me.
Entre esperas e (des)encontros...
Já não espero mais.

sábado, 12 de abril de 2008

Em Si No Samba

A banda toca agora os primeiros lamentos de um samba-canção, daqueles tão sofridos e tristes. O choro da cuíca se mistura aos soluços e suspiros da menina que se levanta e põe-se a dançar.

Ele a olhou dançar a certa distância seguindo o frio que esmorecia na lata gelada...

[Solidão é lava que cobre tudo...]
Aos poucos, vai-se permitindo embalar pelos acordes suaves da música. Identificando-se com a letra, ou nem prestando atenção, vai rodando melodiosamente por aquele salão que parece gigantesco, para se dançar sozinha.

[Solidão é lava que cobre tudo...] Imaginou porque rodava sozinha, se tão bela.. se tão graciosa.. se tão digna de atenção que deveria ali haver uma platéia tão digna dela...

[Amargura em minha boca...]
A saia rodada se levanta aos poucos, a cada volta que a menina dava, deixando aparecer os joelhos, um pouco frouxos pelo efeito do drink que ainda segurava e lhe amargava as papilas.

[Amargura em minha boca...] Bebeu da cerveja amarga, deixando-se encantar pelo rodopiar das saias que mantinhas suas idéias bailando...

[Solidão palavra cravada no coração...]
O peito cheio de sensações misturadas. Sentimentos confusos e esperanças adiadas. O corpo, embalado pelo tuc tuc do pandeiro, se recusava a responder a qualquer um desses sentimentos. Apenas a música lhe movia neste momento.

[Solidão palavra cravada no coração..] Percebia que o salão esvaziava, mas ele estava agora hipnotizado por aquela dança. Pela sintonia entre os descompassos dela e daquele samba.. uma trama sedutora certamente...

[Resignado e mudo...]
Aos poucos o salão foi-se esvaziando, e as pessoas, a esta altura já meio bêbadas, espantavam-se ao ver a moça que ainda rodava, cada vez mais solitária naquele salão.

[Resignado e mudo...] Mas ele preferia apenas assistir. Fora uma longa noite de longas histórias e a satisfação de contemplar uma musa dançante era melhor que cerveja.. que alívio.. era melhor que falar...

[No compasso da desilusão...]
Um ou dois homens tentaram lhe fazer companhia. Talvez por pena, ou porque interessaram-se por ela, que afinal, não era uma moça feia. Ela recusou. Aquela noite seria dela. Somente dela e de mais ninguém. Já gastara tantas noites com outras pessoas...

[No compasso da desilusão...] Viu os outros homens, que ao contrário dele não conseguiram conter a líbido ou a piedade e dela se aproximaram.. sendo rechaçados.. ele bem sabia.. ela estava ali para ser estrela e não constelação...

[Danço eu, dança você, na dança da solidão...]
A banda parou. Ela parou de dançar, buscou sua bolsa e comprou uma bebida mais. Bebeu sozinha, quando as luzes já começavam a se apagar. Pegou um taxi e foi pra casa com a sensação de que ganhara a si mesma naquela noite...

[Danço eu, dança você, na dança da solidão...] A banda parou. Ela parou. Foi até o balcão e tomou uma última bebida antes de ir-se em um táxi. Ele sorriu. Acendeu um cigarro e foi ver mais uma estrela nascer na praia...


***Os trechos azuis chegaram depois, mas só fizeram acrescentar, vindos diretamente das mãos sensibilíssimas de um cara que tô conhecendo agora, mas que tem o dom de usar as palavras. E Salve Jorge!!! Muito obrigada pelas suas palavras!!!***

Soltos

Acordei ao meio dia ainda sonolenta. Não, não bêbada. Apenas sonolenta. Acho que "rebater" me fez bem.
Voltei a dormir às 3 da tarde.
Nas poucas horas que estive acordada mil coisas passaram pela minha cabeça, sem fazerem pouso certeiro. Uma ou outra me pegou, como se fizesse um pouso forçado, causando até um certo estrago que, felizmente, acho, meu estado etéreo e sonolento não me permitiu sentir na hora.

O quarto está uma bagunça, quase não me cabe, assim como meu corpo.

Cheguei em casa, olhei-me no espelho. Não me vi. Apenas cabelos. Meus cabelos desgrenhados, emaranhados, descompassados assim como o meu andar alcoolizado, escondiam meus olhos vermelhos. Sabe-se lá se pela bebida ou pelos fantasmas que insistiram em rondar-me, tão logo abandonei aquela confusão.

Desapego. Palavra que já me rodeava durante o dia e se tornou incisiva durante a noite. Durante meu pesadelo que nem mesmo me diz respeito. Acordei suada.

Alguns olhares e bocas me fizeram perder a modéstia e me achar bonita por algumas horas. Descabelada, com a mesma roupa do dia e sem maquiagem. Me senti bonita. Me senti bem. Bem não, boa. Ou melhor, ótima! Sensação que passou junto com o efeito do álcool.

Línguas emboladas. Literalmente!
Além das bocas, nada mais se toca.
Se toca! Te olho por cima do ombro de quem me beija o pescoço. Não. Não do mesmo jeito e com a mesma vontade de antes. A senação agora é outra. A outra. Foi bom vê-los.

Me despeço levando algo seu. Não. Nada de romantismos. Apenas a sua blusa. Devolvo na segunda. Volto a desapegar...

Para que não se acovarde:
"O 'não' são para pessoas menos covardes do que eu..."
Apenas para não ME deixar esquecer.
EU não sou covarde!

Sábado a noite.
Vou trabalhar.

* Após visitar o Daniel, em sua VELHA CASA, me pegar pensando DE NOITE NA CAMA, como a Thais e de sentir o meu PESAR DE ALMA com o Ziggy. Só assim para conseguir escrever alguma coisa. *

terça-feira, 1 de abril de 2008

Hoje

Ah, entendi:

1º de Abril, né?!