quinta-feira, 28 de junho de 2007

sem ponto mas reticências

queria ter o dom de escrever
brincar com as palavras
manipulá-las para que elas soassem
doces como chocolate que se come escondido
quando se acha gorda
macias como nuvens de algodão
ou para que espetassem
não como farpas
mas como os espinhos das rosas
queria ter o dom de escrever
para falar de amor
colocando as palavras
como num jardim cheio de Florbela
ou para falar da vida
como uma saara de páginas para Leminski
queria ter o dom de escrever
para cantar das mulheres (e também dos homens)
como faz um tal de Chico
para trazer na asa um sonho
e viver na Aldeia dos ventos
com Montenegro
ou simplesmente para tomar um copo de uísque
com um cubismo de gelo
como um certo amigo louco
queria ter o dom de escrever
para figurar e ao mesmo tempo disfarçar
tudo o que sinto
para não ser direta sem fazer rodeios
e para que se apaixonasse
pelo menos
pelo que eu tenho a dizer
...

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